
O show conta com a participação especial do compositor e violonista Guinga
O sopro que há meio século molda a sonoridade da música instrumental brasileira ganha fôlego renovado. Dando início às comemorações de 50 anos de labuta musical, no dia 28 de novembro, sexta-feira, o multi-instrumentista, compositor e arranjador Carlos Malta sobe ao palco do Manouche, no Rio de Janeiro, para celebrar 50 anos de carreira e o relançamento de seu primeiro álbum solo, O Escultor do Vento — agora disponível em todas as plataformas digitais pela Mills Records. Gravado entre 1996 e 1997 e lançado originalmente em tiragem limitada de mil cópias, o disco chega ao streaming pela primeira vez – e remasterizado especialmente para este lançamento – , tornando-se acessível a novas gerações de ouvintes e reafirmando o lugar de Malta como um dos mestres do sopro brasileiro.
O show integra o projeto “Mills e uma Noite”, série que vem se firmando como um dos encontros musicais mais refinados do Rio.
Mantendo o espírito intimista que o caracteriza, o formato do projeto intercala performances musicais com conversas descontraídas entre o artista e o público – capitanedas por CarlosMills – , revelando bastidores, histórias e inspirações por trás das canções. Já passaram pelo palco nomes como Ivan Lins, Beto Saroldi, Arranco de Varsóvia, Ninah Jo, Serjão Loroza e Victor Biglione — e agora é a vez de Carlos Malta trazer seu universo sonoro, poético e experimental para esse ambiente de proximidade e escuta.
Mais do que um concerto, o espetáculo será uma viagem ao universo de um criador inquieto e inovador. Malta revisita as faixas do álbum — acompanhadas por breves comentários e colaborações que ressaltam a natureza coletiva de sua obra — em formato que explora pedais e camadas de sopros para construir verdadeiras orquestras de vento ao vivo.
Para este encontro especial, o compositor e violonista Guinga, parceiro de longa data e participante do álbum original, fará uma participação especial no show, trazendo ainda mais emoção à noite.
Em homenagem ao amigo, Guinga define Malta com a sensibilidade poética que marca sua obra: “Carlos Malta, pai, filho e espírito de saxes e das flautas. Psicografa pelo sopro, batiza apenas como vento. Ilude o pensamento, desafia o sentimento. Excede o martírio da emoção. Como se dança um baião. Como se chora um azulão, menino passarinho num Hermeto ninho. Grandão.”
O disco que inaugurou um estilo
Lançado em 1997, O Escultor do Vento marcou o início da trajetória solo de Malta, após sua saída da banda de Hermeto Pascoal. Com participações de Lenine, Jane Duboc, Guinga, Nico Assumpção, Nelson Faria, Leandro Braga e Robertinho Silva, o álbum foi aclamado pela crítica — o jornal O Globo o apontou entre os melhores discos instrumentais do ano. Em 1998, ganhou lançamento internacional sob o título Jeitinho Brasileiro.
Mais do que um álbum, o trabalho é uma síntese da filosofia musical de Malta: explorar os limites do sopro, transformar o ar em ritmo, melodia e percussão. No arranjo de “Isso aqui o que é?/Na Cadência do Samba”, por exemplo, o artista cria uma batucada inteira apenas com os sons percussivos dos instrumentos de sopro — flauta, saxofone e clarinete — sem recorrer a tambores. Essa inventividade rendeu-lhe o apelido que o acompanha até hoje: o Escultor do Vento.
Confira aqui o faixa a faxa por Carlos Malta de O Escultor do Vento
O artista e o legado
Nascido no Rio de Janeiro em 1960, Carlos Malta é um dos mais respeitados instrumentistas do país. Domina toda a família dos saxofones e flautas, o clarinete baixo e instrumentos étnicos como o pife brasileiro, o shakuhachi japonês e a di-zi chinesa. Ao longo de cinco décadas, lançou 25 álbuns, fundou grupos fundamentais da música instrumental — como Pife Muderno e Coreto Urbano — e se apresentou em palcos de prestígio mundial, do Carnegie Hall (Nova York) ao Forbidden City Concert Hall (Pequim).
Colaborou com nomes como Gilberto Gil, Hermeto Pascoal, Edu Lobo, Dave Matthews Band, Snarky Puppy, Michel Legrand e Chucho Valdéz, construindo uma carreira pautada pela originalidade e pela brasilidade. Professor convidado em festivais e universidades no Brasil e no exterior, Malta é também educador e difusor de uma linguagem que conecta tradição, experimentação e emoção.
Um marco redescoberto
A chegada de O Escultor do Vento às plataformas digitais simboliza não apenas a digitalização de um clássico, mas a reafirmação de um artista que transformou o sopro em narrativa e emoção. Produzido originalmente por Malta e agora remasterizado pela Mills Records, o álbum reflete a multiplicidade de sua trajetória: o lirismo de “Luz do Sol”, com Jane Duboc; o vigor rítmico de “Morena Bela”, com Lenine; e a delicadeza camerística de “Exasperada”, com Guinga.
Carlos Malta (foto de Maria Mazzillo)
Serviço
Show: O Escultor do Vento – Carlos Malta
Projeto: Mills e uma Noite
Data: Sexta-feira, 28 de novembro, às 21h
Local: Manouche – Rua Jardim Botânico, 983, subsolo da Casa Camolese, Jardim Botânico, Rio de Janeiro
Ingressos: R$140 , R$70 (meia) e R$50 (ingresso amigo)
Vendas: https://tinyurl.com/
Realização: Mills Records
Link para ouvir o álbum: mills-records.lnk.to/
