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“A Morte da Galinha Caipira” em Goiânia, com releitura irreverente do balé clássico e crítica aos padrões corporais na dança

Com humor, crítica social e linguagem contemporânea, nova criação provoca o público e transforma uma figura do imaginário rural em protagonista de uma fábula coreográfica inesperada.

Estreia será nos dias 25 e 26 de novembro, com entrada gratuita e interpretação em Libras.

Usando como mote as figuras de “O Lago dos Cisnes” e a coreografia “A Morte do Cisne”, mas completamente recriado a partir do olhar da companhia sobre o Brasil profundo, o espetáculo transforma a figura da galinha caipira — tão presente no imaginário rural — em metáfora para discutir os confrontos entre tradição, corpo e identidade. A obra revê com humor, crítica social e poesia os códigos que moldaram o balé clássico e os corpos “autorizados” a dançar.

A coreografia abandona a busca pela perfeição técnica e pela elegância idealizada, para lançar luz sobre o belo que habita o imperfeito, o cotidiano, o esquecido. No lugar do cisne etéreo, surge a galinha caipira — figura simples, desajeitada, com seu destino já marcado, que reverbera a fragilidade de uma vida que a sociedade mal vê, mas que, de algum modo, é essencial. Uma vida que, embora destinada à panela, carrega uma resistência silenciosa em sua simplicidade.

A estreia marca o encerramento do projeto Manutenção Nalini Cia de Dança, contemplado pelo Edital nº 16/2024 do Programa Nacional de Cultura Aldir Blanc (PNAB), operacionalizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura. Com direção de Valeska Vaishnavi e produção de Marci Dornelas, da Lúdica Produções, o projeto reafirma o compromisso da companhia com a formação artística, a democratização do acesso à cultura e a construção coletiva do fazer artístico.

Um clássico revisitado pelo olhar do Cerrado

Segundo a diretora artística, Valeska Vaishnavi, longe de reproduzir o conhecido enredo do balé europeu, o espetáculo da Nalini parte de referências populares, gestos cotidianos e imagens que evocam tanto o humor quanto a dureza das pequenas tragédias do campo.

Sobre isso, a criadora comenta: “O que os bailarinos, que também são criadores, trabalharam nos movimentos, durante os laboratórios de criação, foi a alternância entre técnica, teatralidade e improvisação. O resultado foi a criação de um ambiente que conduz o espectador por uma encenação que provoca risos, mas também reflexão sobre modos de vida, desigualdades e sobrevivências. E tudo isso com uma pitada de ironia e de bom humor. Temos certeza que o público terá uma experiência singular.” declara.

A obra reforça a marca da Nalini Cia de Dança, reconhecida por unir pesquisa de movimento, teatralidade e uma abordagem acessível ao grande público. Ao deslocar a imagem da “galinha caipira” para o centro da narrativa, a companhia brinca com símbolos culturais e traz à tona questões contemporâneas sem perder a leveza.

Uma crítica à idealização dos corpos no balé clássico

Ao revisitar o repertório do balé europeu, a obra evidencia como esse gênero artístico, historicamente marcado por um padrão corporal excludente e eurocêntrico, se impôs no Brasil como modelo de excelência, silenciando outras estéticas, gestualidades e identidades.

“A Morte da Galinha Caipira” nasce justamente nesse ponto de fricção: um gesto de resistência artística que se alimenta da memória, da cultura popular e da dignidade de corpos que, por séculos, foram colocados à margem.

O tempo do interior como dramaturgia

A encenação propõe um tempo dilatado, inspirado no ritmo da vida interiorana — um tempo que não exige pressa, que valoriza o gesto miúdo, a respiração longa e tudo aquilo que cresce devagar. Longe da urgência urbana ou do virtuosismo acelerado, a coreografia aposta no detalhe e instaura um olhar paciente, convidando o público a desacelerar junto com a cena.
Assim, o espetáculo não apenas revisita um clássico: ele amplia a noção do que é dançar, do que merece estar no palco e de quem tem o direito de compor a paisagem da arte.

Trajetória da companhia

Acompanhar a Nalini Cia de Dança é atestar uma trajetória que pulsa desde 2016, quando estreou com Anarthas no Festival Internacional Goiânia em Cena. Desde então, firmou presença em importantes eventos, como o Festival do Triângulo, Mostra SESI de Dança e o Festival Internacional Cena Cumplicidades, com obras como Um Mero Deleite, Titiksha — premiado como Melhor Espetáculo em festival em Fortaleza — e Nega Lilu. Sob a liderança da bailarina e coreógrafa Valeska Vaishnavi, a Nalini virou referência no circuito nacional, circulando por capitais como Brasília, Recife, São Paulo e Belo Horizonte e promovendo oficinas inclusivas de contato-improvisação.
Ficha Técnica de A Morte da Galina Caipira:

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SERVIÇO:

ESTREIA do espetáculo “A Morte da Galinha Caipira” – Nalini Cia de Dança

Datas: 25 e 26 de novembro (terça e quarta-feira)

Horário: 20h

Local: Teatro do Centro Cultural UFG (Praça Universitária).

Ingressos: GRATUITOS (retirada 1 hora antes do espetáculo)

Contribua com a campanha solidária, levando 1 Kg. de alimento não perecível

Acessibilidade: Interpretação em Libras nas duas sessões

Este projeto foi contemplado pelo EDITAL DE FOMENTO MANUTENÇÃO CONTINUADA DE GRUPOS E COMPANHIAS ARTÍSTICAS N° 16/2024. Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), Secult, Governo de Goiás, Ministério da Cultura, Governo Federal.

Classificação: Livre

Mais informações:
www.naliniciadedanca.com
www.instagram.com/naliniciadedanca

fotos nesse link https://drive.google.com/drive/folders/1dGiMGO-WKP4qYNtBld_6tm6iK7epltk5

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