
De lombalgia a fibromialgia, passando por artrite, tendinites e neuropatias, os diferentes tipos de dor impactam a rotina de milhares de pessoas e podem ter tratamento eficaz — desde que corretamente diagnosticados.
A dor é um dos principais motivos de procura por atendimento médico em todo o mundo. No Brasil, mais de 30% da população adulta convive com algum tipo de dor crônica, segundo dados da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED). Em muitos casos, essas dores são subestimadas, autodiagnosticadas ou tratadas de forma genérica, o que pode agravar o quadro e comprometer a qualidade de vida do paciente.
Dra. Monique Laureano, médica especialista no tratamento de dores osteomusculares e neuropáticas, afirma que compreender o tipo de dor é essencial para uma abordagem eficaz. “Cada dor tem uma origem, uma característica e um impacto diferente no corpo e na rotina do paciente. É por isso que a escuta cuidadosa e o tratamento personalizado são tão importantes”, explica a especialista.

Os tipos mais comuns de dor
Entre as dores mais prevalentes no consultório estão:
- Lombalgia: Dor na região inferior das costas, frequentemente relacionada à má postura, sedentarismo ou sobrecarga física. Estima-se que cerca de 80% da população mundial sentirá lombalgia em algum momento da vida.
- Fibromialgia: Síndrome caracterizada por dor generalizada, fadiga e distúrbios do sono. Atinge principalmente mulheres entre 30 e 60 anos. “A fibromialgia é uma dor sistêmica e muitas vezes incompreendida. Exige um plano de tratamento multidisciplinar e contínuo”, destaca a Dra. Monique.
- Osteoartrose de joelho: Causada pelo desgaste da cartilagem articular, afeta a mobilidade e gera dor ao caminhar ou subir escadas. É mais comum em pessoas acima dos 50 anos e pode ter forte impacto na qualidade de vida.
- Tendinites e epicondilites: Inflamações nos tendões que surgem com frequência em pessoas que realizam movimentos repetitivos — como atletas, digitadores ou profissionais da área da saúde.
- Fascite plantar: Dor intensa na sola do pé, geralmente mais aguda pela manhã. Ocorre devido à inflamação da fáscia, tecido que sustenta o arco plantar.
- Dores neuropáticas: Resultam de lesões ou disfunções no sistema nervoso. Incluem a neuropatia pós-herpética, provocada pelo vírus da herpes zoster, que causa dores intensas, mesmo após o desaparecimento das lesões cutâneas.
- Artrite e artrose: Doenças articulares que provocam dor, inchaço e limitação dos movimentos.
Segundo um artigo da revista científica The Lancet Rheumatology, as dores musculoesqueléticas são a principal causa de anos vividos com incapacidade física em todo o mundo. Além da dor física, o impacto emocional é significativo. “O paciente com dor crônica também enfrenta ansiedade, alterações de humor e perda de produtividade. Não estamos falando apenas de dor no corpo, mas de sofrimento integral”, ressalta Dra. Monique.
Tratamento exige visão integrativa
A abordagem correta das dores requer diagnóstico preciso, exames clínicos e complementares, além da personalização da conduta terapêutica. Isso pode incluir desde medicamentos e fisioterapia a terapias intervencionistas em dor, especialmente, para quem quer evitar múltiplos medicamentos de uso oral.
“A dor precisa ser tratada com responsabilidade e profundidade. Em vez de simplesmente mascará-la com analgésicos, nosso papel como médicos da dor é entender sua origem, acompanhar a evolução e proporcionar estratégias de alívio sustentáveis e humanas”, afirma Dra. Monique.

Sinais de alerta
A especialista orienta que dores que duram mais de três meses, ou que limitam movimentos e atividades diárias, devem ser investigadas por um especialista. “Quando a dor começa a interferir no sono, no trabalho ou nas relações pessoais, ela deixou de ser apenas um sintoma. Nesses casos, não se deve esperar: é hora de buscar ajuda”, finaliza a médica.