sexta-feira, janeiro 31 Notícias do Brasil e do Mundo, 24h por dia

Uso de fones de ouvido aumenta o risco de perda auditiva

Segundo estimativas da OMS, cerca de 25% da população mundial apresentará algum grau de perda auditiva em 2050, e um dos responsáveis é o uso de fones de ouvido

Seja para os momentos de lazer, de se informar, de trabalho e/ou de práticas esportivas, os fones de ouvido são uma parte essencial do cotidiano de muitos consumidores, mas é preciso saber usar o aparelho com cautela. Popular, sobretudo entre pessoas de até 30 anos, o uso de fones de ouvido por períodos prolongados impacta a saúde auditiva.

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 25% da população mundial apresentará algum grau de perda auditiva em 2050, e um dos responsáveis é o uso de fones de ouvido. Um estudo publicado em 2022 na revista “BMJ Global Health”, dedicada a estudos globais na área da saúde, apontava que mais de 1 bilhão de jovens e adolescentes no mundo todo estão em risco potencial de perda auditiva por causa do uso de fones de ouvido e auriculares.

Os jovens estão fazendo uso mais frequente de fones de ouvido, com intensidade de som inadequada e duração muito maior do que o recomendado, causando impacto irreversível na saúde auditiva. O uso de fones de ouvido entre pessoas de 31 a 90 anos é menor. Apenas 23% fazem uso sempre ou quase sempre; 37,1% raramente; 27,1% às vezes; e 11,4% nunca usam fones de ouvido.

Os números do mercado dão uma ideia sobre o uso de fones de ouvido. O tamanho do mercado de desse produto deverá atingir 273,54 milhões de unidades em 2024 e crescer a um CAGR de 27,94% para atingir 937,67 milhões de unidades até 2029, segundo relatório divulgado pela Moder Intelligence. A expectativa era que, em 2024, o tamanho do mercado de fones de ouvido atingisse US$ 61,90 bilhões.

Volume excessivo e uso prolongado

A médica otorrinolaringologista Juliana Caixeta alerta que o grande motivador da perda auditiva é a combinação perigosa entre o volume excessivo e a exposição por períodos prolongados. “O barulho excessivo é um dos responsáveis pelo aumento nos casos de perda auditiva entre pessoas de até 30 anos. Fatores genéticos e infecções sazonais respiratórias que podem acometer a orelha média”, afirma.

Além disso, é comum que o uso prolongado dos acessórios provoque infecções e até o aumento da cera natural do canal auditivo. Quanto ao modelo, os fones supra auriculares, que cobrem toda orelha, são mais indicados pois diminuem a intensidade dos sons externos, fazendo com que o volume do fone não precise ficar tão alto.

Os fones intra-auriculares, que são colocados dentro do ouvido, devem ser evitados, por serem mais suscetíveis a causar danos à audição por ficarem muito próximos ao canal auditivo, causando assim um maior impacto da pressão sonora.

“A curto prazo, o uso de fones de ouvido em alta intensidade pode ocasionar ansiedade, dores de cabeça, irritabilidade e falta de concentração. Já a longo prazo, essa exposição pode acometer as células auditivas de maneira irreversível, desencadeando perda auditiva permanente”, alerta Juliana Caixeta.

Os fones emitem ondas sonoras que atingem o ouvido externo para serem absorvidas pelo canal auditivo até o tímpano, localizado no ouvido médio. Já o tímpano tem uma faixa de frequência de resposta específica e, quando exposto a vibrações elevadas, podem sofrer danos, que são potencializados pelo uso prolongado dos fones.

Como o uso de fones de ouvidos faz parte da rotina de muita gente, a otorrinolaringologista dá algumas dicas para se evitar problemas de saúde. Entre elas: reduzir o tempo de exposição a sons altos, evitar usar fones de ouvido para dormir, usar fones que protegem mais os ouvidos, tipo headphones, como os que cancelam o ruído; e ter atenção ao volume em que ouve música, vídeos ou filmes.

Riscos oferecidos pelo uso de fones de ouvidos

O uso prolongado de fones de ouvido em volumes altos pode causar perda auditiva. Isso acontece porque o som forte danifica as células ciliadas do ouvido interno, diminuindo a sua vida útil. Pode causar ainda tontura e vertigem, especialmente se o ouvido interno estiver infectado.

O hábito também pode criar um ambiente propício para o crescimento de bactérias no canal auditivo. Isto aumenta o risco de infecções de ouvido, como otite externa (infecção do canal auditivo externo) ou otite média (infecção do ouvido médio).

Outro risco é o desenvolvimento ou agravamento do zumbido no ouvido, também conhecido como tinnitus. Vale ressaltar que mais de 50% das pessoas que sofrem de zumbido são propensas a desenvolver hiperacusia, um distúrbio auditivo em que uma pessoa experimenta uma sensibilidade auditiva aumentada, resultando em uma percepção exagerada de sons do cotidiano que podem ser considerados normais para outras pessoas.

O excesso de cera também pode ser causado pelo uso frequente de fones de ouvido, que bloqueiam o canal auditivo, o que pode estimular as glândulas de cerume a produzir mais cera do que o normal. A própria presença dos fones de ouvido no canal auditivo também contribui para pressionar a cera contra a pele, causando compactação e bloqueio.

Outra consequência é a perda de foco. Ao usar fone de ouvido, o sistema nervoso dá uma atenção maior à passagem de som dos ouvidos ao cérebro, o que pode causar uma perda de foco no usuário. Quando o uso do acessório é prolongado e rotineiro, esta perda de foco pode se tornar mais crônica, e a distração passa a afetar a realização de tarefas diárias.

Juliana Caixeta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *