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Tarifaço de Trump pressiona custo do aço e ameaça ritmo das construções no Brasil

Com aumento nas tarifas de importação de aço e alumínio pelo governo americano, construtoras brasileiras já projetam pressão sobre os preços e prazos de obras. Celso Zaffarani, da Zaffarani Design Building, analisa o cenário e propõe caminhos

O anúncio do presidente americano Donald Trump sobre a retomada de tarifas de 25% para o aço e 10% para o alumínio importados de países como o Brasil reacendeu alertas em setores estratégicos da economia nacional. Um dos mais afetados é o da construção civil, que já enfrenta oscilação no preço dos insumos e teme novos aumentos — especialmente em obras que utilizam estruturas metálicas e acabamentos com alumínio, como é o caso dos empreendimentos de alto padrão.

Embora o foco inicial da medida seja o comércio entre EUA e Brasil, os reflexos internos já começam a ser sentidos. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o preço médio da tonelada de aço teve aumento de 6,3% no primeiro trimestre de 2025, e há projeções de novas altas até o fim do semestre, especialmente se a demanda internacional se reorganizar.

“Boa parte do aço que usamos aqui é nacional, mas o mercado é interligado. Se os EUA restringem compras, o excedente busca outros mercados, e isso pressiona nossa cadeia de abastecimento”, explica Celso Zaffarani, CEO da Zaffarani Design Building. “Além disso, muitos acabamentos metálicos de alto padrão são importados ou dependem de ligas específicas que também sofrem com esse tipo de tarifa.”

Construção de alto padrão mais vulnerável

Obras residenciais e comerciais de alto padrão utilizam amplamente materiais metálicos: desde estruturas em steel frame, esquadrias de alumínio, revestimentos até elementos decorativos. Para esse público, além do custo, o prazo e a qualidade são fatores inegociáveis — e a volatilidade do mercado de metais pode impactar diretamente nesses pilares.

Além da alta nos preços, o setor também observa uma preocupação crescente com a queda na qualidade de alguns materiais metálicos disponíveis no mercado. Com a corrida por alternativas mais baratas ou de fornecimento emergencial, construtoras relatam que ligas e componentes que antes atendiam a padrões elevados agora apresentam variações que comprometem desempenho e durabilidade — o que exige ainda mais rigor na seleção de fornecedores e inspeção dos insumos recebidos.

“Projetos com padrão de excelência exigem precisão. Um atraso no fornecimento ou uma variação brusca de preço pode desorganizar toda a obra. Por isso, antecipamos compras estratégicas e mantemos parcerias consolidadas com fornecedores, inclusive internacionais”, pontua Celso.

Diante do cenário, as construtoras estão reforçando seus planejamentos de suprimentos, contratando com maior antecedência e buscando alternativas para manter a previsibilidade dos orçamentos.

“A saída não é buscar o mais barato, mas o mais confiável. Um bom fornecedor entrega no prazo e com a qualidade exigida — o que no fim representa economia. Na Zaffarani, preferimos trabalhar com parceiros que garantem performance, porque sabemos que isso evita retrabalho e insatisfação”, destaca Zaffarani.

Cenário para 2025 e necessidade de atenção

Segundo o Instituto Aço Brasil, o consumo aparente de aço no país deve atingir 25,1 milhões de toneladas este ano, com crescimento de apenas 1% frente a 2024 — um índice abaixo da média esperada, freado pelas incertezas internacionais. O aumento da tarifa pode ainda redirecionar fluxos globais de comércio, o que exigirá monitoramento constante por parte do setor.

“O setor da construção não pode ser pego de surpresa. É preciso ter uma visão macroeconômica e estratégica. Mesmo que a tarifa seja aplicada por outro país, o reflexo pode estar aqui no nosso canteiro. E, para quem constrói com excelência, cada detalhe importa”, finaliza Celso Zaffarani.

O que pode subir com o tarifaço

Materiais com risco de aumento no custo:

  • Estruturas metálicas (steel frame)
  • Esquadrias de alumínio
  • Revestimentos metálicos importados
  • Equipamentos de instalação como grades, guarda-corpos, portões
  • Ligas metálicas para acabamento e ferragens de design