Por décadas, o mundo aprendeu a enxergar além das fronteiras, das desigualdades e das belezas escondidas, através da lente sensível e poderosa de Sebastião Salgado. Brasileiro, nascido em 1944, no pequeno município de Aimorés, Minas Gerais, Salgado transformou sua paixão pela fotografia em uma missão: revelar a humanidade, em toda sua dor, resistência e beleza.
Filho de agricultores, Sebastião cresceu cercado pela natureza e pela simplicidade da vida no campo. Antes de se tornar fotógrafo, formou-se em economia e chegou a trabalhar em organizações internacionais, como a Organização Internacional do Café, em Paris. Foi justamente durante viagens profissionais que descobriu sua verdadeira vocação: contar histórias através da fotografia.
A partir dos anos 1970, largou definitivamente a economia para se dedicar integralmente à fotografia documental. Com um olhar único, que mistura sensibilidade artística e rigor jornalístico, Sebastião Salgado percorreu o planeta, registrando os grandes movimentos sociais, as crises humanitárias, os deslocamentos de refugiados, os trabalhadores esquecidos e também as belezas intocadas da natureza.
Seu trabalho não apenas encantou o mundo, mas também serviu como denúncia e reflexão sobre as mazelas da humanidade. Obras como “Êxodos”, que retrata populações deslocadas, e “Trabalhadores”, que homenageia homens e mulheres que vivem do trabalho árduo, tornaram-se marcos da fotografia contemporânea. Cada imagem de Salgado carrega uma força poética, estética e social, capaz de emocionar e provocar.
Nos últimos anos de sua carreira, voltou seu olhar para a natureza. O projeto “Gênesis” é um verdadeiro tributo à beleza do planeta, com registros de regiões ainda preservadas e povos que mantêm modos de vida ancestrais. Paralelamente, liderou, junto à sua esposa Lélia Wanick Salgado, um dos maiores projetos de recuperação ambiental do Brasil, o Instituto Terra, que reflorestou milhares de hectares na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.
Sebastião Salgado é mais do que um fotógrafo. É um contador de histórias universais, um cronista da condição humana, um defensor do meio ambiente e da dignidade. Suas imagens, sempre em preto e branco, são muito mais do que registros; são janelas para a alma do mundo.
Ao longo de sua carreira, foi reconhecido com os mais importantes prêmios da fotografia e das artes, além de ser membro da conceituada agência Magnum Photos e ter suas exposições exibidas nos principais museus e galerias do mundo.
A vida e a obra de Sebastião Salgado são testemunhos de que a fotografia é, sim, uma poderosa ferramenta de transformação, empatia e encantamento. Seu legado atravessa gerações e continua a inspirar aqueles que acreditam no poder da imagem como voz dos que muitas vezes não são ouvidos.
Foto de capa: (Fernando Frazão/Agência Brasil)