
Olavo Augusto, conhecido religiosamente como Pai Olavo e também pelo nome consagrado de Òlùwò Adésòólá Atinúkólá, tornou-se oficialmente o primeiro Líṣà Ògbóni do Brasil reconhecido por autoridades tradicionais vinculadas ao culto de Ifá. A cerimônia, conduzida por lideranças da tradição iorubá, representa um marco relevante para as religiões de matriz africana e fortalece os laços espirituais e culturais entre o Brasil e os representantes históricos da ancestralidade iorubá.
O título de Líṣà, que pode ser traduzido como “guia” ou “condutor”, soma-se à consagração como Òlùwò, posicionando Pai Olavo entre as principais lideranças da tradição africana no país. A coroação, validada por representantes espirituais com autoridade reconhecida, simboliza não apenas uma conquista pessoal, mas um avanço coletivo na legitimação institucional das práticas tradicionais no Brasil.
“Essa não é uma coroa que me pertence, ela nos pertence. É a oportunidade que o brasileiro tem de finalmente tocar no culto verdadeiro de orixá” declarou Pai Olavo após a cerimônia, que teve repercussão entre lideranças religiosas, estudiosos da cultura iorubá e veículos especializados.
Natural de Minas Gerais, com atuação entre Belo Horizonte e São Paulo, Pai Olavo é terapeuta, empresário e psicanalista. Sua abordagem no campo espiritual alia rigor litúrgico à escuta qualificada, com ênfase em acolhimento psicológico e cuidado com a saúde emocional de seus seguidores. Tem investido em iniciativas voltadas à formação de jovens e ao fortalecimento de lideranças comunitárias, promovendo caminhos de pertencimento e autonomia.
Com presença consolidada nas redes sociais, tornou-se conhecido por defender com firmeza a integridade dos fundamentos tradicionais da religiosidade africana. Para ele, respeitar a origem é essencial para consolidar o futuro das tradições:
— A tradição não precisa se adaptar para ser respeitada. O que praticamos carrega séculos de fundamento, e preservar isso é um compromisso com a verdade ancestral — afirma.
Criador do quadro Café com Exu, série de vídeos que promove reflexões diretas sobre espiritualidade, ética e comportamento, Pai Olavo viu o projeto ganhar alcance nacional. A coluna foi incorporada à grade de uma publicação com circulação digital, expandindo o impacto das discussões que propõe.
Além do trabalho religioso e midiático, lidera projetos de formação litúrgica e coordena grupos de estudo sobre espiritualidade africana, com foco em leitura crítica, ética e responsabilidade ancestral. Também atua em ações voltadas ao desenvolvimento humano, ampliando o acesso à escuta terapêutica entre o público adepto das tradições afro-brasileiras.
A coroação, com chancela de figuras como o Òlùwò (Aràbà) Alàbí Adéwálé Atinúkólá — autoridade respeitada no culto de Ifá —, reforça a presença institucional do culto Ogboni no Brasil e simboliza o amadurecimento de um campo espiritual que ganha cada vez mais legitimidade pública.
— Chegou a hora de o brasileiro saber que ele também pode. É tempo de reconquista — afirma Pai Olavo. A declaração se refere não apenas ao exercício da fé, mas à recuperação da dignidade cultural e da identidade espiritual dos povos afrodescendentes.