A mostra homenageia a primeira amazona brasileira a participar de Jogos Olímpicos e os 150 anos do Jockey Club de SP
Artes

O multiartista Thiago Prado apresenta a exposição “Femininos”, no Jockey Club de São Paulo, para falar de mulheres, de diversidade, do conceito mulher, tema que sempre esteve presente em sua trajetória desde criança – as personas femininas. Um trabalho que vai representar mulheres de todos os gêneros, raças, profissões, e que vão despertar memórias afetivas e conversar com os visitantes, pela força das cores de suas telas. Além de homenagear a primeira amazona brasileira a disputar os Jogos Olímpicos, em 68, no México, a exposição faz parte da comemoração dos 150 anos do Jockey Club de SP.
Dentre as mulheres, Lúcia de Faria, um dos grandes nomes do hipismo mundial nas décadas de 1960 e 1970. Foi a primeira amazona brasileira a disputar os Jogos Olímpicos, no México, em 1968. No mesmo ano das Olimpíadas do México, Lúcia fez parte da equipe do Brasil que ganhou a medalha de ouro na Copa das Nações. Em ambos os casos, montou o Rush de Camp, o cavalo mais marcante de sua carreira. Em 1969, zerou o tradicional percurso do Grande Prêmio de La Baule. No seu currículo, ainda ostentou um bicampeonato sul-americano.Seus feitos abriram caminho para outras amazonas brasileiras no exterior. Lúcia de Faria recebe homenagem especial na exposição ‘Femininos’.Alexia Twister, nome drag de Matheus Moreira de Miranda, é uma apresentadora, atriz, dançarina, Drag queen e performer bastante conhecida na cena cultural noturna paulistana. Suas performances já foram elogiadas por artistas internacionais como Lady Gaga e Kylie Minogue. Alexia tem uma vasta carreira, estrelando produções como “Café com Trauma” (2017), “Revista Babadeira” (2023) e “Alice No Seu Pequeno Grande Quarto das Maravilhas”, espetáculo pelo qual Alexia venceu o Prêmio APCA de Teatro Infanto Juvenil, na categoria Melhor Elenco. Em junho de 2024, estrelou uma versão drag da peça Rei Lear, de William Shakespeare, produzida pela Cia. Extemporânea. Por esta produção, Alexia venceu o Prêmio Shell de Melhor Ator.Ligia Francilino, paulistana da zona leste, mãe feminista, escritora, artista visual e tradutora.Como artista visual, vem participando de exposições nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com destaque para a obra “onde estou ao mesmo tempo que aqui?”, inspirada nos contos de Jorge Luis Borges, desenvolvida durante a residência artística no ateliê do multiartista Thiago Prado, e exposta no Consulado Geral da República Argentina do Rio de Janeiro, em maio de 2025. Roberto Cordovani , ator, autor, produtor e diretor brasileiro de teatro, radicado na Galiza (Espanha).Participou de vários festivais e prêmios desde então, inclusive como melhor ator em Londres, concorrendo com Jeremy Irons e John Malkovich. E foi pelo papel que ele escreveu, dirigiu e estrelou em “Olhares de Perfil – O Mito de Greta Garbo”, onde ele interpretou a protagonista. Personagens femininas sempre fizeram parte da carreira de Cordovani. Fez Evita Perón, atriz e líder política argentina, e Isadora Duncan, bailarina e precursora da dança moderna.
Na abertura, dia 03 (quinta), acontece um bate-papo ‘Sobre as representações do feminino na contemporaneidade’, com o artista Thiago Prado, a atriz e performer Alexia Twister e a escritora e artista visual Ligia Francilino, às 18h30. Obras retratadas1. Lúcia de Faria, a primeira amazona brasileira a disputar as Olimpíadas, falecida em janeiro de 2024.
2. Anna Muylaert, diretora de cinema paulistana, premiada dentro e fora do país.
3. Alexia Twister, drag queen paulista, vencedora do Prêmio Shell de Melhor Ator (2025).
4. Roberto Cordovani, ator paulistano premiado na Europa ao interpretar papéis femininos como o de Greta Garbo.
5. Clarissa Croisfelt, cantora paulistana, escritora, PCD.
6. Elle Ferraz, modelo, mulher trans.
7. Ligia Francilino, escritora paulistana, artista visual, autista.
8. Nisete Sampaio, artista visual, graduada em Filosofia (UFRJ).
9. Preta Evelin, doutoranda em Artes Cênicas (Unirio).
SOBRE THIAGO PRADO
Thiago Prado é cineasta e multiartista, nascido em 1984 no Rio de Janeiro. Atua nas interseções entre cinema, literatura e artes visuais, construindo uma obra que une sensibilidade estética e engajamento crítico, com um olhar afetivo sobre as questões sociais e políticas do nosso tempo. Seus trabalhos abordam temas como identidade, tecnologia e sexualidade, explorando os atravessamentos do corpo, da memória e das relações no mundo contemporâneo.
Seu primeiro filme, Olhar Nisete Sampaio (Nisete Sampaio: Her View), recebeu o prêmio de Melhor Documentário em Curta-Metragem no South Film & Arts Academy Festival (Chile, 2017) e o prêmio de Mérito no Docs Without Borders Film Festival (EUA, 2017). O curta também integrou a seleção oficial do Bogoshorts Film Market (Colômbia, 2017), do Impact DOCS Awards (EUA, 2017), do Festivou (Brasil, 2020) e do Festival Internacional de Cinema de Paracatu (Brasil, 2023), onde recebeu Menção Honrosa como Diretor.
Além do cinema, Thiago é premiado nas artes visuais, tendo participado de exposições na Europa e América Latina. Como escritor, é autor dos livros Mal Secreto (Editora Labrador) e Que Será, Será (Opera Editorial), em que aprofunda sua pesquisa artística por meio da linguagem literária.
Sua produção é marcada por um compromisso poético e político com as subjetividades contemporâneas, tensionando fronteiras entre arte e vida.
Instagram: https://www.instagram.com/iamthiagoprado/
FEMININOS
Mulheres não podem ser reduzidas ao feminino. Mas o que é ser feminino? Ou, o que pode ser feminino? Artistas, professoras, cantoras, drag queens, escritoras, modelos, engenheiras, cientistas, boxeadoras, presidentas, mães, casadas, solteiras, jovens, anciãs. E até ser um homem feminino, não fere o meu lado masculino, como cantou na década de 80 Pepeu Gomes.
O feminino pode estar em todos nós. Embora seja a mulher quem é educada a expressá-lo em nossa cultura. E se assim é, a quem interessa a pressão estética que mulheres cis e trans recebem para buscarem caros procedimentos de “feminização”?
Talvez aprender com o feminino seja o caminho para fazermos menos guerras.
MAMMA
Quando pensamos em ‘mãe’, temos a noção de que ainda no século XXI ser mãe talvez seja a figura máxima da “natureza feminina”. Visto que um amor incondicional, superior estaria ligado a esse papel. Já que poucos se lembram que homens trans também podem gerar filhos.
A filósofa francesa Elisabeth Badinter desconstrói a ideia do amor materno como um instinto inato no livro “O mito do amor materno” (1985). Ao nos confrontar com fatos históricos que mostram que o amor materno como conhecemos foi criado, ficamos livres, inclusive enquanto filhos, para aceitar e receber de nossas mães o amor conquistado, o amor possível. Liberamos a figura materna para ser uma pessoa e não uma força sobrenatural disposta a tudo pelos filhos.
A partir disso, apresenta uma série de cinco obras criadas em parceria com seu eu de 2005.
Dois elementos foram essenciais: uma única fotografia que tirei da mãe — sem qualquer produção, usando uma câmera digital de baixa resolução da época —, e sobre a qual pós-produziu digitalmente, criando diversas personas; e registros que fez de uma pintura autoral que fora perdida para sempre em um lixão por motivos que se abstem de declarar.
Naquele momento, no entanto, sua máquina não correspondia aos seus anseios artísticos. Vinte anos depois, só agora pode então finalizar esse trabalho.
O FEMININO EM MIM
“Desde criança tenho preferência por retratar personas femininas. Desenhos e mais desenhos. Às vezes atribuía-lhes nomes e histórias. Meus cadernos escolares estavam cheios delas. Ao iniciar na pintura, vi-me no abstracionismo.
As figuras só voltaram a aparecer junto à arte digital. Foi então que comecei a produzir de novo representações dos femininos.
Por isso, trago também obras do meu acervo particular. “Uau!” (2020), inspirado na atriz Maria Flor, a partir de sua personagem “Flor Pistola”, que personifica o embate entre a raiva e o humor frente à tragédia, evoca a “in” consciência coletiva da pandemia. E os objetos criados com sapatos categorizados como “femininos”, retomando a série “Chamada em Caminhada” que apresentei pela primeira vez em 2015 em São Paulo, discutem questões acerca da comunicação e da tecnologia.”, explica.
SERVIÇOExposição: ‘Femininos’
Artista: Thiago Prado
Curadoria: Edson Cardoso
Local: Jockey Club de São Paulo
Endereço: Av. Lineu de Paula Machado, 1263 – Cidade Jardim – SPAbertura 3/7 às 16h
Visitação de 03 a 06 de julho, das 11h às 17h
Jockey Club de São Paulo
Avenida Lineu de Paula Machado, 1263 – Cidade Jardim, São Paulo, SP
Assessoria de Imprensa: Paula Ramagem
Homenagem especial: Lúcia de Faria (amazona) Dia 03: Bate-papo ‘Sobre as representações do feminino na contemporaneidade’, com o artista Thiago Prado, a atriz e performer Alexia Twister e a escritora e artista visual Ligia Francilino, às 18h30.