
Com o coração cheio de saudade e gratidão, Gilmelândia apresenta ao público uma releitura afetuosa de Velha infância, sucesso eterno dos Tribalistas. A versão, que chega nesta sexta-feira (23/5) em ritmo de forró, é dedicada à memória de sua mãe e reflete um amor que transcende o tempo. A cantora revelou que os próprios compositores da música, Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes, ouviram e aprovaram a nova interpretação.
A sugestão para trazer o hit dos início dos anos 2000 para o estilo veio do arranjador do projeto, Léo Castro, e da amiga Magda. A princípio, a cantora ficou perplexa com a ideia. “Eu falei ‘Meu deus, gente! Vocês não tão vendo que isso é um clássico?’ Eu sou muito apaixonada por Marisa Monte. Eu digo que ela é a melhor cantora do país. Canta muito, tem muita técnica, é uma professora pra mim. E Velha infância é de uma interpretação, de um arranjo impecável. Não tem o que tirar nem colocar”, afirma a artista, que, logo depois, mergulhou de cabeça na ideia de dar seu próprio toque à música. “Eu fiquei muito preocupada, mas, em seguida, a primeira coisa que fiz foi baixar um tom, pra não ficar muito parecido com Marisa”, recorda. “Muito parecido, não, né? Quem sou eu, meu Deus, perto daquela mulher. Ela é incrível”, pondera, com certa modéstia injustificada. “Na verdade, pra não ficar na mesma região dela, até porque é um forró. E deu supercerto”, conclui.
Para os arranjos, foram mesclados elementos de percussão baiana ao forró tradicional, com uma pegada moderna, trazendo uma atmosfera única para a versão. Em sua interpretação da letra, Gilmelândia expandiu o conceito para além de um amor romântico. “Essa música diz tudo, né? A letra fala de um amor que eu até comparo com o amor de Jesus. Imagina: ‘Seus olhos, meu clarão/ Me guiam dentro da escuridão’. É um amor, assim, uau, além da carne, extraordinário. Os compositores estavam verdadeiramente em outra dimensão quando fizeram essa música”, analisa a cantora, que, além do amor cristão, evoca também o amor entre mãe e filha. “Minha mãe faleceu, então fiz uma homenagem a ela com essa música, que também tem muito a ver com minha mãe. Ela, assim como eu e muitos brasileiros, era apaixonada por Marisa. E como a música fala desse amor incondicional, além da carne, ela representa perfeitamente o amor de mãe também”, conclui.
Além de Marisa Monte, a cantora evidencia também seu amor pela obra do conterrâneo. “Brown pra mim é um gênio”, crava. “Em relação a ritmos, não tem outro ser como ele, e como compositor, então, meu Deus do céu! Uma vez, fui ao estúdio dele pedir uma música e passei 24h com ele. O cara tocava piano, guitarra, percussão, fez não sei quantas música. Eu nem lembro, porque toda hora ele inventava uma, um novo ritmo. Brown é fora da curva. Eu sempre disse que, se existe um gênio, existe Brown”, derrama-se.
A canção também remete a artista ao tempo em que cantava na noite, com um vasto repertório que incluía, é claro, sua musa, Marisa. Apesar de ser conhecida por músicas mais extrovertidas, enérgicas, e dançantes, sua versatilidade musical lhe permite tirar a introspecção de Velha infância de letra. “Quando se fala de amor, e como essa música fala, por mais que seja um forró, mais animadinho, eu me entrego. Eu cantava muita MPB nos bares, muitas músicas de Marisa, então não foi tão difícil pra mim interpretar. A maior dificuldade que eu tive foi justamente por ser Marisa, então eu ficava naquela de fã: ‘Ai, meu Deus, será que ela vai gostar? Mas uma coisa bem bacana é que todos os compositores, incluindo Marisa e Brown, pediram pra ouvir e aprovaram, então isso já me deixou mais feliz”, alegra-se.