terça-feira, maio 13 Notícias do Brasil e do Mundo, 24h por dia

É baixa a procura por cirurgia de Parkinson

Apesar da grande quantidade de pacientes que poderiam se beneficiar com a cirurgia de Parkinson, a procura ainda é tímida no Brasil, aponta neurocirurgião

No Brasil, estima-se que cerca de 200 mil pessoas vivam com a doença de Parkinson. Esse número é baseado em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta que exista de cerca de 4 milhões de pessoas com a doença no mundo. O Parkinson é uma condição neurodegenerativa que afeta principalmente a população idosa, com uma incidência que aumenta com a idade.

Existe cirurgia para tratar do Parkinson. Um dos procedimentos de terapia avançada mais comum é a Deep Brain Stimulation (DBS), em português Estimulação Cerebral Profunda, que poderia beneficiar uma grande quantidade de pacientes, mas ainda existe uma baixa procura pelo o procedimento, de acordo como o neurocirurgião Ledismar Silva, que em abril realizou duas cirurgias de Parkinson no Hospital Unique, em Goiânia.

O neurocirurgião afirma que a falta de conhecimento é o que mais impede o acesso à cirurgia de Parkinson. “Existe uma demanda alta reprimida de pacientes que poderia potencialmente se beneficiar com a cirurgia, mas que não chega para a gente. O desconhecimento tanto da população quanto da classe médica é o maior obstáculo. Por isso, é preciso divulgar como que funciona, quais são os riscos e quais os benefícios que isso vai trazer para o paciente”, destaca.

Estudos apontam que o procedimento é indicado em cerca de 15 a 20% dos pacientes, porcentual que corresponde àqueles em que o efeito da medicação não está mais presente. Ledismar Silva acredita que a educação e o esclarecimento sobre a cirurgia, tanto para pacientes quanto para médicos, são importantes para aumentar a procura e garantir que os pacientes adequados sejam encaminhados para o procedimento.

A cirurgia para tratamento da doença de Parkinson por DBS é realizada a partir do implante de eletrodos no cérebro em regiões específicas, que enviam sinais elétricos ao corpo para aliviar os sintomas e para tratar doenças neurológicas como Parkinson, tremor essencial e distonia, melhorando os sintomas e a qualidade de vida dos pacientes.

No Brasil, a cirurgia é realizada em diversos hospitais e clínicas, tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto no privado. A maioria das unidades de saúde que oferece o tratamento é formada por hospitais universitários. Em Goiânia, o procedimento é ofertado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás e também em algumas unidades da rede privada, a exemplo do Hospital Unique.

O procedimento existe desde a década de 1980. A primeira cirurgia para Parkinson utilizando DBS foi na França na década de 1980. No Brasil, nos anos 1990, a técnica cirúrgica começou a ser disseminada. “Em Goiânia a partir de 2010 ocorreu aumento dos procedimentos sendo que no Hospital Unique, neste ano, com a UTI e Tomografia em funcionamento, realizamos a primeira cirurgia”, informa o neurocirurgião.

Recomendação

O médico esclarece que a cirurgia é geralmente indicada para pacientes que apresentam sintomas motores que não são bem controlados com medicamentos, especialmente aqueles com tremores e rigidez que interferem nas atividades do dia a dia. Ou seja, quando os sintomas motores interferem de forma substancial na qualidade de vida do paciente.

“A cirurgia é recomendada, normalmente, após cinco anos do tratamento medicamentoso. A evolução da doença com aumento progressivo dos medicamentos que culminam em efeitos colaterais ou mesmo na ineficiência no controle dos sintomas são indicativos para indicação cirúrgica”, informa Ledismar Silva.

É fundamental que o paciente não tenha doenças psiquiátricas ou cognitivas graves que possam ser agravadas pela cirurgia, bem como que tenha condições sociais para o acompanhamento pós-operatório. Um processo de triagem e avaliação precisa é necessário para garantir que o paciente seja um candidato adequado e que possa se beneficiar da cirurgia.

O neurocirurgião destaca que a cirurgia apresenta risco baixo, menor que 1% de complicações; é indolor; feita com o paciente acordado e dura cinco horas. Consiste no implante de eletrodos em áreas responsáveis pela doença. É um procedimento de alta precisão, com cálculos realizados por softwares sofisticados.

“Os eletrodos são conectados a um marcapasso que envia corrente elétrica possibilitando a restauração dos neurônios afetados. O resultado é impressionante com os sintomas motores – tremores, lentidão e rigidez –, desaparecendo ou reduzindo de forma substancial durante o procedimento”, comemora Ledismar Silva.

Quem é o especialista

Formado em medicina pela Faculdade de Medicina de Vassouras (1996), no Rio de Janeiro; Ledismar Silva cursou especialização em neurocirurgia no Hospital Santa Mônica (2002), em São Paulo; é professor na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO); membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e integrante do corpo clínico de neurocirurgia do Hospital Unique.

O neurocirurgião conta ainda com as seguintes formações: Neurocirurgião Funcional, Estereotático e Intervenção pelo Departamento de Terapia Antálgica; Cirurgia Funcional da Escola de Cancerologia Celestino Bourroul – Hospital AC. Camargo/SP; Observer Physician na Neurocirurgia Funcional em Cleveland Clinic, em Ohio, nos Estados Unidos.

Com mais de 28 anos de experiência, dedica-se na atuação em distúrbio dos movimentos, dor e cirurgia psiquiátrica. O foco do neurocirurgião é combater dores intensas e doenças que roubam a qualidade de vida dos pacientes, devolvendo-lhes autonomia e bem-estar. Por meio de uma abordagem criteriosa e compassiva, o neurocirurgião busca proporcionar conforto e autonomia, devolvendo a esperança aos pacientes.

Ledismar Silva

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *