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Amaro Freitas revisita 2025, ano em que ampliou fronteiras no Brasil e no exterior

Há artistas que atravessam o ano. E há artistas que transformam o ano num rito de passagem. Em 2025, Amaro Freitas reafirmou-se como uma das vozes mais originais da música afro-brasileira contemporânea, expandindo fronteiras, firmando parcerias inéditas e inscrevendo seu piano — cheio de vozes, memórias e urgências — em alguns dos palcos e projetos mais relevantes do mundo.

No estúdio, Amaro deixou sua marca em um dos lançamentos mais aguardados dos últimos tempos: o álbum “Emicida Racional VL 2 – Mesmas Cores & Mesmos Valores”, no qual participa de três faixas — “Bom dia né gente? (Ou saudade em modo maior)”, “Finado Neguim mermo?” e “Us memo preto zica”. As gravações aproximam o pianista do universo expansivo de Emicida e reforçam o encontro entre matrizes negras, palavra e improviso.

Também em 2025, ocorreu o encontro entre Amaro Freitas, Criolo e Dino D’Santiago, que deu origem a um projeto a ser lançado no primeiro trimestre de 2026 — e que já nasce com a força de um marco. Mais do que a reunião de três artistas fundamentais, trata-se de um documento histórico de uma geração que revisita suas matrizes, expande suas linguagens e reafirma o protagonismo da criação da música negra contemporânea. Nesse gesto, palavra, ritmo e piano tornam-se territórios de memória e invenção, construindo uma obra que dialoga com o passado e, ao mesmo tempo, inaugura novas possibilidades para o futuro da música brasileira.

Mas 2025 foi também um ano de estrada — e de fôlego.

Foram 96 shows, dos quais 49 internacionais, consolidando o pianista como um dos músicos brasileiros mais ativos e celebrados no circuito global. Destaques incluem o Blue Note Jazz Festival, em Tóquio, onde o público japonês recebeu seu piano como uma revelação espiritual, e o Winter Jazz Fest, em Nova York, palco que consagra artistas que movem a linguagem do jazz adiante.

No Brasil, Amaro renovou alianças e inaugurou outras: realizou um concerto com orquestra no Cultura Artística, expandindo seu repertório para novos arranjos e dimensões sinfônicas; apresentou um poderoso septeto no C6 Festival, em São Paulo; e viveu um dos encontros mais simbólicos de sua trajetória: a parceria inédita com Dom Salvador no Sesc Jazz, gesto que une gerações e reafirma a linhagem afro-diaspórica que sustenta sua música.

2025 não foi apenas mais um capítulo.

Foi uma síntese do Brasil que pulsa, do Recife que o formou, da diáspora que o move e das muitas possibilidades que emergem quando um artista decide atravessar o mundo sem abrir mão de sua raiz. Com discos emblemáticos, colaborações históricas e uma turnê que se desdobrou em diversos continentes, Amaro Freitas encerra o ano reafirmando-se como um dos criadores mais inquietos da música brasileira — alguém cuja obra segue, incessantemente, escrevendo novos mapas para o futuro.

Sobre Amaro Freitas

Nascido em 1991 no Recife, Amaro Freitas iniciou sua trajetória musical aos 12 anos, orientado pelo pai, líder de uma banda evangélica. Seu talento rapidamente ultrapassou os limites dos cultos da igreja, levando-o ao Conservatório Pernambucano de Música, onde se formou em Produção Fonográfica. Aos 22 anos, dividia os estudos com apresentações em restaurantes, churrascarias e no lendário piano bar Mingus. Foi nesse ambiente que conheceu o baixista Jean Elton e o baterista Hugo Medeiros — parceiros de trio que o acompanham até hoje.

Em 2016, Amaro lançou de forma independente seu álbum de estreia, Sangue Negro, ao lado de Hugo e Jean. O disco tornou-se seu cartão de visitas no Brasil, ampliando sua projeção para além de Recife. No mesmo ano, venceu o Prêmio MIMO Instrumental, levando o show para palcos importantes de capitais como Rio de Janeiro e São Paulo, onde estreou no Sesc Pompeia no festival Sesc Jazz.

O reconhecimento internacional chegou em 2018, quando assinou com o selo londrino Far Out Recordings e lançou seu segundo álbum, Rasif. O trabalho recebeu destaque em veículos como DownBeat, All About Jazz e Jazz Magazine, e impulsionou sua presença em festivais e casas de referência: Rio das Ostras Jazz & Blues (RJ), Buenos Aires Jazz Festival (ARG) e Ronnie Scott’s (Londres). No mesmo período, integrou o projeto autoral do cantor Lenine.

Em 2019, Amaro participou da Montreux Jazz Academy com Christian Scott aTunde Adjuah, após uma tour europeia, e, no ano seguinte, gravou o EP Existe Amor ao lado de Milton Nascimento e Criolo. Em 2021, já consolidado como um dos principais nomes do jazz brasileiro contemporâneo, lançou Sankofa, encerrando a trilogia com seu trio e inaugurando um novo ciclo criativo.

Em março de 2024 lançou seu primeiro álbum solo, Y’Y, em parceria com o selo norte-americano Psychic Hotline. O trabalho recebeu críticas elogiosas da imprensa especializada internacional, incluindo DownBeat, Pitchfork e Música Jazz, reforçando sua projeção global.

Em 2025, Amaro segue em turnê mundial com Y’Y, apresentando-se em alguns dos festivais mais prestigiados do planeta, como Newport Jazz Festival (EUA), Blue Note Festival (Tóquio), North Sea Jazz Festival (Roterdã) e Rock in Rio (Brasil). O álbum foi eleito Melhor Álbum de Música Instrumental no Prêmio da Música Brasileira e recebeu o prêmio de Álbum do Ano pela APCA. No mesmo período, Amaro finaliza a turnê com uma média de 96 concertos anuais e prepara um novo projeto em parceria com Criolo e Dino D’Santiago, com circulação prevista para 2026.

Discografia / Principais Realizações

2016 – Sangue Negro (álbum de estreia)

2017 – Turnê brasileira

2018 – Rasif (2º álbum) + turnê europeia

2019 – Turnê europeia + show em Nova York (Lincoln Center)

2020 – Existe Amor (EP com Milton Nascimento e Criolo)

2021 – Sankofa (3º álbum)

2022 – Turnê brasileira e internacional de Sankofa

2023 – Primeira turnê no Japão + participação na Jazzahead (Alemanha)

2024 – Y’Y + turnê nos EUA, Europa, Austrália e Japão

    Vencedor de Melhor Instrumentista – Prêmio Multishow

2025 – Turnê internacional de Y’Y

    Vencedor de Melhor Álbum de Música Instrumental – PMB

    Vencedor de Álbum do Ano (Y’Y) – APCA 2025

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