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Estado do Rio retira aulas de Física, Química, Biologia, História, Geografia e Filosofia do 3° ano do Ensino Médio

Foto: Arquivo J3News

Associação define o fato como muito grave, pois é nesse ano que muitos tentam o vestibular e o Enem, com provas onde tais disciplinas serão cobradas

O Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) fez um alerta, nessa quinta-feira (29), de que o Governo do Estado retirou do currículo do 3º ano do Ensino Médio as disciplinas de Física, Química, Biologia, História, Geografia e Filosofia. Professores da rede estadual confirmaram que a medida afetou diversas escolas estaduais na cidade de Campos. As alterações têm relação com a Reforma do Ensino Médio, aprovado pelo Governo Federal em 2017.

A associação define o fato como muito grave, pois é nesse ano que muitos tentam o vestibular e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com provas onde tais disciplinas serão cobradas. Além disso, eles denunciam que os tempos de Matemática e Português foram reduzidos em todo o segmento.

“Enquanto o governo tira matérias importantes para a formação dos alunos da rede estadual, nas escolas particulares, os estudantes estão tendo acesso a todas essas disciplinas e, claro, estarão muito mais preparados para disputar as vagas do ENEM. Isso é uma política de retirada de direitos ao estudo dos filhos da classe trabalhadora como nunca vimos antes na história da educação pública”.

O Sepe informou que tentou reverter essa situação, no acordo de greve firmado em 2023. “No processo de negociação que levou à suspensão do movimento, o governo prometeu que todas as disciplinas seriam mantidas no currículo, em todos os anos, com pelo menos 2 tempos de aula cada. A Secretaria de Educação, no entanto, mentiu para nós e mente para a população quando diz que está ofertando uma educação de qualidade. Já falta tudo nas escolas e agora faltará também conhecimento”, completou o sindicato em nota oficial.

No dia 20 de março, os profissionais da rede estadual do Rio de Janeiro informaram que farão uma meia paralisação dentro das escolas, para conversar com os alunos sobre o Novo Ensino Médio. Por meio de nota, secretaria de Educação do Estado informou que “nenhuma disciplina foi excluída da grade curricular e que as matérias foram redistribuídas com maior carga na 1ª e 2ª séries do Ensino Médio e menor carga horária na 3ª, onde os alunos irão se aprofundar nas disciplinas voltadas para as carreiras escolhidas por eles”.

A nota informa ainda que “a mudança obrigatória segue as a Lei Federal nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, que definiu um total de 3 mil horas de estudos, sendo 1.800 somente para as disciplinas regulares da Base Nacional Comum Curricular – BNCC, dentre elas Física, Química, Biologia, História, Geografia e Filosofia, além de 1.200 horas, para os Itinerários Formativos com os componentes específicos”. 

Em relação ao Enem, a Secretaria informa também que “todos os esforços estão sendo feitos para ofertar uma educação de qualidade com materiais e alternativas pedagógicas que visem subsidiar os estudantes no vestibular. A Secretaria de Educação ressalta que é favorável à reforma do Ensino Médio que garanta uma carga maior para as disciplinas obrigatórias e aguarda a votação da lei pelo Congresso Nacional”, finaliza a nota.

O que ficou no lugar das disciplinas tradicionais?

Em documento oficial sobre os itinerário formativos, a Secretaria Estadual de Educação defende que o modelo pedagógico do Novo Ensino Médio representa uma transformação significativa no âmbito educacional, buscando oferecer aos estudantes uma formação mais dialogada às demandas do século XXI.

Alunos do 3º ano de Ensino Médio de diversas escolas de Campos informaram que no lugar das disciplinas tradicionais, estão previstas aulas diversas como “Corpo e mente saudáveis”, “Projeto de vida”, “Tempo, Espaço e Movimento” e “Direito à Saúde”. No Liceu de Humanidade de Campos, uma das mais tradicionais escolas de Campos, fazem parte da grade as disciplinas “Organização Político Administrativa do Brasil”, “Ciclo de Políticas Públicas” e “Participação Social no Estado Brasileiro”.

Ensino médio pode passar por nova reforma em 2024

O Novo Ensino Médio (NEM), cujas regras começaram a ser aplicadas em 2022, pode ser substituído por outro modelo. A discussão sobre as mudanças, já iniciada no Congresso, deve continuar em 2024. Além de um projeto apresentado pelo Executivo (PL 5.230/2023), o ano também foi marcado por debates na Subcomissão Temporária para Debater e Avaliar o Ensino Médio no Brasil (Ceensino), que apresentou um relatório com recomendações de ajustes na lei.

A reforma do Ensino Médio foi conduzida em 2017, durante o governo Michel Temer, mas as novas regras começaram a ser aplicadas em 2022 para parte dos alunos. A reforma alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB — Lei 9.394, de 1996) e, entre outros pontos, determina que disciplinas tradicionais passem a ser agrupadas em áreas do conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas). Cada estudante também passou a montar a sua própria grade de ensino médio escolhendo os chamados “itinerários formativos”.

Segundo o Ministério da Educação, muitos dos elementos da Lei 13.415, de 2017, que instituiu o NEM, não encontraram apoio de educadores e estudantes. A implementação do novo ensino médio está suspensa desde abril.

Com informações da Agência Senado, repodução:j3news

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