No dia 15 de janeiro de 2025, o governo federal revogou a Instrução Normativa RFB nº 2.219/2024, que ampliava o monitoramento das transações financeiras via Pix. A decisão veio após a repercussão negativa gerada pela disseminação de desinformação, que fez muitos acreditarem, erroneamente, na criação de uma taxação para transações realizadas por meio do sistema de pagamento instantâneo.
Essa revogação trouxe alívio para milhões de brasileiros, mas não elimina a necessidade de atenção ao impacto das transações financeiras no Imposto de Renda (IR). Movimentações financeiras realizadas via Pix continuam sendo monitoradas pela Receita Federal com base nas regras anteriores: transações acima de R$ 2 mil mensais para pessoas físicas e R$ 6 mil para jurídicas devem ser reportadas pelas instituições financeiras.
O que muda (ou não) com a revogação?
O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, esclareceu que a medida foi tomada para preservar a confiança dos contribuintes e evitar a disseminação de pânico. Ele também reforçou que as regras de fiscalização permanecem como estavam antes da tentativa de atualização normativa. “Queremos garantir que as transações financeiras continuem transparentes e seguras, mas sem gerar interpretações equivocadas sobre a criação de novos tributos”, afirmou Barreirinhas.
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a edição de uma Medida Provisória para assegurar a gratuidade e o sigilo do Pix, equiparando-o ao pagamento em dinheiro. A MP também proíbe cobranças adicionais para transações realizadas via Pix, fortalecendo a confiança no sistema.
Foco no Imposto de Renda
Embora as novas regras tenham sido revogadas, as transações financeiras, especialmente via Pix, continuam sendo um ponto de atenção no momento da declaração do IR. Segundo Patrícia Bastazini, especialista em contabilidade e diretora da Bastazini Contabilidade, a Receita Federal está cada vez mais equipada para identificar discrepâncias entre rendimentos declarados e movimentações financeiras.
“Com o monitoramento que já existe, as movimentações via Pix devem estar alinhadas com o que você declara no IR. É fundamental organizar seus documentos e ter clareza sobre a origem e o destino dos valores transacionados. Qualquer inconsistência pode gerar questionamentos e, em casos mais graves, cair na malha fina ou ser autuado pela Receita”, explica Patrícia.
Como evitar problemas fiscais?
Para evitar complicações, é essencial adotar boas práticas de planejamento financeiro. Confira algumas dicas de especialistas:
- Organize seus registros financeiros: Mantenha recibos e comprovantes de todas as transações, especialmente as realizadas via Pix. Isso ajudará a justificar movimentações em caso de questionamentos.
- Consulte um contador: Um profissional especializado pode orientar sobre como declarar corretamente as transações financeiras e identificar possíveis falhas antes que elas se tornem um problema.
- Planeje suas finanças com antecedência: Revisar sua movimentação financeira regularmente ajuda a evitar surpresas no momento da declaração do IR.
O impacto para pessoas jurídicas
As empresas também devem ficar atentas. Para pessoas jurídicas, movimentações acima de R$ 6 mil mensais continuam sendo reportadas à Receita. “As empresas precisam reforçar seus controles contábeis e fiscais. Cada movimentação financeira deve ser respaldada por notas fiscais e outros documentos que comprovem a legalidade das operações”, ressalta Patrícia Bastazini.
Conclusão
A revogação das novas regras do Pix trouxe tranquilidade para muitos, mas reforçou a necessidade de cuidado com o Imposto de Renda e a gestão financeira. A Receita Federal mantém um monitoramento rigoroso, e estar preparado é essencial para evitar problemas.
“Essa é uma oportunidade para as pessoas revisarem seus hábitos financeiros e se organizarem melhor. O Pix é uma ferramenta poderosa, mas requer responsabilidade e atenção às obrigações fiscais”, conclui Patrícia.
Em tempos de mudanças e adaptações, o planejamento financeiro é o melhor aliado de pessoas físicas e jurídicas para navegar com segurança no complexo cenário tributário brasileiro.