Entre os dias 25 e 28 de setembro, aconteceu o Festival Internacional Viva a Capoeira 2024 em comemoração aos 20 anos do grupo Capoeira Brasil na Argentina. O evento, realizado nas cidades de Córdoba e Unquillo, foi um marco na difusão e preservação da capoeira como patrimônio cultural afro-brasileiro, reunindo capoeiristas de toda a América do Sul.
Do Brasil, estiveram presentes os educadores culturais e professores de capoeira Kenyo Ribeiro e Ugo Brasil (Instrutor Maré), que representaram o Espírito Santo e a cultura popular Canela Verde. A dupla promoveu a abertura do festival com uma aula voltada à difusão e circulação da cultura afro-brasileira, abordando a universalização e democratização da capoeira, a preservação da memória e do patrimônio imaterial, além da prática e técnica dessa arte-luta.
O festival contou com cerca de 300 participantes, entre crianças, jovens e adultos de diferentes faixas etárias e nacionalidades. Entre as atividades, além das oficinas práticas de capoeira, aconteceram rodas de conversa que discutiram as políticas públicas do Brasil e da Argentina. Os diálogos foram focados nos limites e desafios da internacionalização da capoeira e no que vem sendo produzido e desenvolvido nos dois países.
Os professores Kenyo e Maré desenvolvem o ensino da capoeira em escolas municipais de Vila Velha, nas regiões de Paul e Grande Terra Vermelha, utilizando a capoeira como ferramenta de educação social. Sua participação no evento internacional foi viabilizada pelo apoio da Secretaria Estadual de Cultura (SECULT), que tem sido fundamental para promover a cultura capixaba além das fronteiras do estado e do país.
Professor Charlie, um dos organizadores do evento, destacou:
“A presença de educadores de outras nações abrilhanta nossa festa, proporcionando um momento único para além da cultura e do esporte. A Argentina atravessa um período de grande instabilidade política e econômica, e, para as novas gerações, é um alento estar em contato direto com a cultura na presença dos mestres da nossa arte, a capoeira!”
Kenyo Ribeiro, emocionado com a experiência, afirmou:
“Foi uma honra representar a capoeira do Espírito Santo em um evento internacional dessa magnitude. O Festival Viva a Capoeira 2024 promoveu momentos de interação e respeito ao ritual e à ancestralidade que a capoeira carrega. Agradeço aos organizadores e à SECULT pela oportunidade.”
Para Instrutor Maré, a educação é o elemento central para a construção de pensamentos críticos e debates em prol de uma sociedade justa e equilibrada:
“A capoeira surge nesse contexto como uma ferramenta capaz de oportunizar esses diálogos. A resistência na capoeira não se limita à luta contra a opressão; ela também preserva as tradições africanas que foram sistematicamente atacadas. A capoeira inspira novas gerações a lutar por seus direitos e dignidade. Ela não só resiste aos desafios, mas também transforma e empodera aqueles que a praticam.”
O evento foi uma verdadeira celebração da capoeira como um elo de união entre diferentes culturas e uma ferramenta de transformação social.