Show de violinista comprova que políticas públicas e produção qualificada viabilizam apresentações de alto nível no país
O violinista Simão Wolf encantou o público no último sábado (5 de abril) com uma apresentação especial em comemoração ao aniversário da cidade de Ipumirim, em Santa Catarina. O evento, realizado com apoio de leis de incentivo à cultura, é mais um exemplo de como políticas públicas e produção experiente podem tornar possíveis espetáculos de qualidade em todo o país.
Quem conhece bem esse caminho é o produtor cultural catarinense Beto Sanson, que atua no setor há mais de 35 anos e trabalha com políticas públicas desde 2013. Responsável por mais de 100 projetos culturais ao longo da carreira, ele tem acompanhado de perto os desafios de realizar grandes eventos no Brasil.
“Hoje em dia, não basta ter uma boa ideia: é preciso ter um portfólio sólido, confiança do mercado e muito planejamento”, explica Beto. “Grandes eventos envolvem altos investimentos – só um show de médio porte mobiliza mais de 15 pessoas na equipe. E um show de grande porte pode ter mais de 30 profissionais viajando com o artista. Isso sem falar em toda a estrutura de palco, som, luz, painel de LED, geradores, camarins, banheiros e logística.”
Recentemente, durante o Carnaval (nos dias 28 de fevereiro, 1º e 2 de março), o violinista Simão Wolf também se apresentou com a banda em sua carreta-palco no BC Folia 2025. Os shows foram viabilizados graças à Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), do Ministério da Cultura, e teve o apoio da Secretaria de Turismo da Prefeitura de Balneário Camboriú (SC).
Segundo Beto, o capital de giro é um dos maiores obstáculos. Muitos artistas exigem pagamento integral antes de subir ao palco, o que exige do produtor um caixa robusto ou investidores confiáveis. “Hoje em dia, os grandes nomes não saem de casa sem 100% do cachê já pago”, pontua.
Música instrumental na Lei Rouanet
No caso de Simão Wolf, cerca de 40% dos shows são realizados com o apoio de políticas de incentivo fiscal, como a Lei Rouanet (em nível federal) e o Programa de Incentivo à Cultura (PIC), em Santa Catarina – música instrumental, linha de atuação do artista, permite enquadramento na Lei Rouanet.
Mas captar recursos, mesmo com a lei, está longe de ser simples. “A burocracia não é exatamente o problema. O maior desafio é a quantidade de projetos e a pouca equipe técnica para avaliar. Já tive projeto parado mais de 60 dias. É frustrante”, conta Beto.
Apesar disso, Beto vê potencial no ambiente cultural brasileiro. “O Brasil é um país extremamente fértil para grandes eventos. Temos uma diversidade cultural imensa e um público cada vez mais interessado, inclusive estrangeiros. O que falta é fomentar mais políticas públicas e dar estrutura para os produtores que estão na linha de frente.”
Fortalecimento de lei estadual
Ele também destaca a importância dos projetos educacionais, que têm mais apelo entre grandes patrocinadores. “As empresas preferem associar suas marcas a ações com impacto social direto, como oficinas de arte e música para crianças. Projetos de evento precisam ter uma atratividade de marca muito forte para competir com isso.”
Com o fortalecimento da nova Lei Estadual de Incentivo à Cultura em Santa Catarina, Beto acredita que o mercado deve ganhar fôlego. “É algo que já existe há muito tempo em outros estados e que vai beneficiar diretamente os artistas locais, além de possibilitar intercâmbios culturais com artistas de fora”, ressalta.
O espetáculo do violinista Simão Wolf é um exemplo concreto de como políticas públicas, planejamento e paixão pela cultura podem transformar o acesso à arte em todo o país.
Sobre Simão Wolf
Simão Wolf é maestro, professor, compositor e arranjador, com mais de 20 anos de carreira. Inspirado por nomes como David Garrett e a Camerata Florianópolis, ele une o clássico ao contemporâneo, criando espetáculos que misturam música erudita, jazz, folk e pop. Com sua técnica impecável e carisma natural, Simão transformou o violino em uma ponte entre diferentes gerações e estilos musicais.
A Simão Wolf – Experience Tour é uma prova dessa versatilidade, oferecendo ao público uma experiência imersiva, com arranjos inéditos e interação direta do artista e sua banda com os espectadores. “São quase duas horas de pura emoção, com mais de 20 estilos musicais, sempre com o objetivo de criar momentos inesquecíveis para quem nos prestigia”, conta Simão.