Ao final do ano, dou por mim observando o céu da mesma forma que observo um instrumento de laboratório enquanto ele se estabiliza em um sinal, pacientemente, pronto para que a verdade apareça. Na capa do meu próximo livro, Harvesting Hope, um pequeno pássaro cruza a lua brilhante. É uma imagem simples, mas, para mim, é um voto: imaginar, elevar-se e curar.
As festas nos pedem um outro tipo de ciência. Não equações nem ensaios, mas a química do pertencimento: a forma como uma palavra gentil pode mudar a temperatura de um ambiente, a maneira como um pequeno gesto pode se transformar em um resultado melhor para alguém que você nunca encontrará. No laboratório, chamamos isso de transdução: um sinal que percorre um sistema e se torna algo novo. Na vida, eu chamo isso de ESPERANÇA!
A esperança não é ingênua. É uma disciplina. Na pesquisa, nada avança se não nomearmos um objetivo, desenharmos um método e compartilharmos nossos dados. O mesmo vale para a comunidade. Nesta época, penso em como publicamos o nosso cuidado, em como tornamos a generosidade tão visível e mensurável quanto qualquer resultado. Os mentores que respondem à pergunta de um estudante tarde da noite. O vizinho que aparece com um casaco extra. O colega que diz: “Você consegue — e eu estou com você!”. Isso não são extras de fim de ano; fazem parte do protocolo.
Aprendi cedo que a educação pode ser velocidade de escape. Uma única oportunidade pode elevar a história inteira de uma família; um único incentivador pode transformar uma porta fechada em uma ponte. É por isso que acredito em retribuir. Esses presentes podem ser intervenções precisas que mudam trajetórias acompanháveis ao longo de anos: uma bolsa que se torna um diploma, um estágio de pesquisa que se torna uma primeira autoria, uma mão levantada em uma reunião que se transforma em um medicamento melhor na prateleira.
Carrego também o porquê. Meu objetivo é tornar a esperança produtiva. Definir o enredo, semear pequenas oportunidades e cultivá-las: acompanhar, coassinar, abrir espaço. Acompanhar silenciosamente o que importa: quem permaneceu, quem avançou, quais perguntas melhoraram. Quando tratamos o cuidado como cultivo, os resultados chegam no seu próprio tempo, e a colheita é suficiente para ser compartilhada.
Assim, aqui está minha lista de desejos de inverno, para mim e para qualquer pessoa que queira se juntar:
• Transformar mentoria em patrocínio. Não apenas aconselhar. Defender. Indicar um nome. Compartilhar o crédito. Abrir a porta e mantê-la aberta.
• Medir inclusão como se mede eficácia. Se você se orgulha da sua ciência, orgulhe-se de quem ela serve. Conte, publique, aprimore.
• Investir em primeiras oportunidades. Uma bolsa, uma passagem de trem, um jaleco no tamanho certo — pequenos insumos, resultados do tamanho da vida.
• Praticar o pensamento do último quilômetro. Desde o primeiro dia, pergunte como o seu trabalho chegará à pessoa mais distante da sala de reuniões. Construa para ela, de forma intencional.
• Manter a ética por perto. Novas ferramentas chegam mais rápido do que a nova sabedoria. Que o cuidado seja o seu grupo de controle.
Quando volto à capa do meu próximo livro, percebo algo mais: o pássaro não é grande, mas a luz da lua o torna inconfundível. Esse é o verdadeiro truque da esperança. Ela nem sempre nos torna maiores; torna-nos mais claros. A luz nos mostra o que fazer em seguida.
Assim, se esta temporada parecer cheia demais ou vazia demais, se o ano tiver sido excessivo ou insuficiente, aqui está um experimento suave que você pode tentar:
• Escrever um bilhete para alguém que ajudou você a chegar até aqui.
• Oferecer uma hora a um estudante que precisa de alguém para ouvir.
• Definir uma meta mensurável de inclusão para sua equipe antes da virada do calendário.
• Compartilhar um recurso — um link de oportunidade, um conjunto de dados, um guia — que teria economizado um ano do seu caminho.
Em poucas semanas, as decorações serão guardadas e a caixa de entrada voltará a rugir. Mas o sinal que colocamos em movimento continuará viajando por nossos laboratórios e salas de aula, por salas de conselho e mesas de cozinha, pela vida de pessoas que talvez nunca encontremos, mas com as quais nos importamos da mesma forma. Esse é o experimento das festas em que confio: pequenos gestos, repetidos, medidos, compartilhados. Nas noites mais longas, eu olho para cima. Um pequeno pássaro, uma lua brilhante. Imaginar. Elevar-se. Curar. E levar a esperança adiante, um gesto deliberado de cada vez.