A atriz Carolina está à frente da nova websérie Pra onde gira o sol, da Feitos de Arte Produções, que estreou nesta terça-feira no YouTube. No papel de Gabriela Bittencourt, Carolina interpreta uma engenheira civil bem resolvida, confiante em sua identidade e que se muda de São Paulo para o Rio de Janeiro para iniciar um novo projeto de construção — e também, sem saber, uma jornada afetiva cheia de nuances.
Ao assumir o desafio profissional na capital fluminense, Gabriela passa a trabalhar ao lado da arquiteta Anna Diamin, com quem estudou anos antes. As duas não têm um passado de amizade, nem de envolvimento emocional anterior — foram apenas colegas de sala. Mas é justamente nesse reencontro entre adultas, já conscientes de si, que a atração entre elas ganha força.
A relação é construída a partir de contrastes. Gabriela é uma mulher direta, segura, sem conflitos com sua orientação sexual. Ela sabe quem é e o que quer: ela quer a Anna. Já Anna, por outro lado, é mais contida, introspectiva, e carrega camadas emocionais que vão sendo desvendadas aos poucos ao longo dos episódios.
Carolina como Gabriela: protagonismo firme e representativo
Na pele de Gabriela, Carolina entrega uma atuação marcada por clareza emocional e firmeza interpretativa. Sua personagem rompe com o estereótipo da mulher lésbica reprimida ou em crise. Gabriela é dona de si, e isso é um ponto central da narrativa da série.
“Eu achei muito importante interpretar uma mulher que já sabe que é lésbica, que vive isso com naturalidade, que não tem um drama interno sobre isso. Ela não está em conflito com a própria sexualidade, o que já é uma grande quebra de expectativa para o público acostumado com histórias que giram em torno da dor de ser quem se é”, compartilhou Carolina durante os bastidores da produção.
Esse aspecto é um dos grandes diferenciais da série. Pra onde gira o sol não se ancora no sofrimento como força motriz de sua trama LGBTQIAPN+. Ao contrário, aposta na pluralidade das relações entre mulheres, mostrando que o amor entre pessoas do mesmo gênero também pode ser leve, direto, cheio de desejo, dúvidas, empatia e construção conjunta — como qualquer outro.
Amor, desejo e liberdade de escolha
Mesmo com a segurança de Gabriela em relação ao que sente, a história não é simples. O roteiro introduz a personagem Nala, que surge na trama como uma figura que poderia despertar outro tipo de envolvimento. Mas, desde o início, fica claro: Gabriela quer Anna.
Esse ponto da narrativa reforça a autonomia emocional da personagem principal. Gabriela escolhe amar Anna, mesmo que a relação exija paciência, escuta e abertura. A diferença de perfis entre as duas mulheres gera tensão dramática, mas nunca põe em dúvida a legitimidade de seus sentimentos.
Carolina destaca que essa foi uma das coisas que mais a atraiu no projeto. “É uma mulher que sabe amar. Que sabe esperar. Que entende o tempo do outro. E ao mesmo tempo, ela não se anula. Ela é muito inteira. E isso é muito bonito de viver em cena.”
Uma websérie que rompe com estigmas
Pra onde gira o sol chega ao YouTube em um momento em que o público LGBTQIAPN+ busca por histórias mais amplas e diversas — que saiam do roteiro previsível de dor, rejeição e isolamento. A série aposta em uma abordagem mais madura, onde a homossexualidade dos personagens não é o problema, mas sim parte natural da narrativa.
“Nosso intuito é mostrar que existem muitas formas de viver o amor entre mulheres. Não é sempre sobre medo, sobre sair do armário, sobre sofrer. Às vezes é só sobre amar alguém que é diferente de você, e isso já é complexo o suficiente”, explica a equipe da Feitos de Arte Produções.
Esse posicionamento reflete também na construção visual da série. As cenas valorizam a intimidade, a troca de olhares, os silêncios significativos e as hesitações reais de pessoas que estão se conhecendo — ou se reconhecendo — em um contexto afetivo adulto.
Recepção positiva e próximos episódios
O episódio de estreia já está disponível no canal da Feitos de Arte Produções no YouTube, com novos capítulos lançados todas as terças-feiras, às 20h. A estreia foi bem recebida pelo público, especialmente pelas pessoas que se identificaram com a maturidade da história.
Um marco na trajetória de Carolina
Para Carolina, o papel representa um passo importante na sua trajetória artística. A personagem Gabriela exige da atriz uma combinação de firmeza, vulnerabilidade e presença cênica que ela entrega com naturalidade.
“A Gabriela é uma mulher que não precisa gritar para ser ouvida. Ela tem uma presença que ocupa o espaço, mesmo nos silêncios. Isso foi um desafio lindo de interpretar. E eu sei que vai tocar muita gente”, afirmou.
Com esse trabalho, Carolina reafirma sua capacidade de protagonizar narrativas potentes, sensíveis e politicamente relevantes, contribuindo com representações mais amplas e verdadeiras sobre as vivências LGBTQIAPN+ no audiovisual nacional.