Em show com Gilson Peranzzetta na Casa de Francisca
Nos dias 23 e 24 de maio, às 22h, a Casa de Francisca, recebe Alaíde Costa e Gilson Peranzzetta para duas apresentações que marcam os 20 anos do lançamento do álbum Tudo que o Tempo me Deixou (2005). O disco, que rendeu a Alaíde o Prêmio Rival de Melhor Cantora e foi indicado ao Grammy Latino na categoria “Melhor Álbum Romântico”, ganha agora uma celebração à altura de sua importância na música brasileira.
No palco, apenas voz e piano. Alaíde Costa e o maestro, pianista e arranjador Gilson Peranzzetta — parceiros de longa data, unidos por mais de três décadas de amizade e afinidade artística — recriam o repertório emocionante do álbum, com interpretações que misturam lirismo, sofisticação e memória afetiva.
Com composições de Tom Jobim, Dolores Duran, Vinicius de Moraes, Sueli Costa, Fátima Guedes, Ivan Lins, Paulo César Pinheiro e Guinga, entre outros grandes nomes, além de músicas autorais da própria Alaíde e de Peranzzetta, o espetáculo é um mergulho sensível em tudo que o tempo deixou de mais precioso: a música como gesto de permanência.
Canções como “Voz de Mulher”, “Você É Amor”, “Solidão” e “Tudo que o tempo me deixou” reaparecem com nova luz, reafirmando a potência interpretativa de Alaíde — uma das maiores vozes da canção brasileira — e o talento generoso de Peranzzetta, mestre do piano e dos arranjos.
Mais que um show, um reencontro: da artista com sua obra, do público com sua memória afetiva, e de todos com o que há de mais belo na canção popular brasileira.
Sobre Alaíde Costa:
Era início da década de 1950 em Água Santa, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, quando uma adolescente colava os ouvidos no aparelho de rádio, atenta, esperando a voz de Silvio Caldas entoar “Noturno em Tempo de Samba”. Ao ouvir os primeiros versos, parava para anotar a letra e memorizar a melodia. Quando aprendeu a canção, decidiu: iria ao programa de calouros de Ary Barroso, na Rádio Tupi, para apresentá-la.
Não era a primeira vez de Alaíde Costa em um palco. Aos 11, seu irmão mais velho (Adilson, que se tornou jogador de futebol) a havia convencido a se apresentar em uma sessão para cantores amadores no circo montado no bairro, dizendo à garota tímida que, caso não fosse, a polícia iria buscá-la.
Dali em diante, a menina que gostava de cantarolar — mas achava que seria professora — passou a ser inscrita pelos vizinhos em toda oportunidade que aparecia, já que ganhava os prêmios.
Aos 16, apaixonada pela canção cheia de climas interpretada por Caldas, resolveu ir se apresentar por conta própria. A escolha da música, a audição cuidadosa em casa e a interpretação lhe renderam nota máxima. “Aí tomei gostinho”, conta.
Aos 89 anos, uma das maiores vozes da música brasileira é também uma artista que sempre se guiou pelo que quis fazer e pelo que acreditava fazer melhor, o que não foi fácil. “Ah, mas você é negra, tem que cantar uma coisa mais animadinha, sabe? Um sambinha”, ouvia.
“Me recusei a entrar nessa porque não daria certo”, afirma, categórica. Seu primeiro álbum foi lançado dois anos antes de “Chega de Saudade” (1958), música que marca o início da bossa nova, mas só recentemente ela passou a ser reconhecida entre os grandes nomes do gênero — assim como Johnny Alf, precursor do estilo e, não por acaso, também negro. Durante a carreira, teve grandes parceiros musicais como o próprio Johnny Alf, Vinicius de Moraes, Tom Jobim, João Gilberto, Milton Nascimento, Oscar Castro Neves, entre outros.
Apesar dos infortúnios, a cantora continua ativa, defendendo a Bossa Nova, colecionando reconhecimentos e celebrando novas parcerias. Em 2020, seu talento como intérprete lhe rendeu o Troféu Kikito de Melhor Atriz Coadjuvante, no Festival de Gramado. Alaíde se tornou a artista mais velha a ser laureada com o prêmio.
Em um show que homenageou João Gilberto em abril de 2023, em São Paulo, falou: “Vou fazer 88 anos, tenho 70 de carreira, e olha que loucura: as pessoas me descobriram agora!”. Alaíde nunca parou de cantar, nunca ficou sem gravar (são mais de 20 discos) ou se apresentar em shows. Alaíde é uma das poucas artistas vivas que passou por todos os formatos de mídia – desde o 78RPM, LP, K7, CD e agora o streaming.
Nos últimos anos, parcerias deram novo vigor a uma carreira cheia de coerência artística. Em 2022, lançou O que meus calos dizem sobre mim”, produzido por Emicida, Pupillo (Nação Zumbi) e Marcus Preto, eleito o melhor lançamento fonográfico de MPB no 30º Prêmio da Música Brasileira, com a cantora aplaudida de pé por todo o Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em maio de 2023, Alaíde se apresentou em Portugal com a Orquestra de Jazz do Algarve sendo um grande sucesso de crítica e público além mar. Além disso, se apresentou no Carnegie Hall em Nova Iorque em outubro de 2023, no show The Greatest Night Bossa Nova em comemoração aos 60 anos da Bossa Nova, no qual foi aplaudida de pé por mais de cinco minutos. Em novembro de 2023 foi agraciada com o Troféu Raça Negra como melhor cantora do ano.
Em fevereiro de 2024 lançou o álbum “Pérolas Negras” ao lado das amigas Eliana Pittman e Zezé Motta no qual Alaíde transforma o sucesso de Salgadinho “Recado à minha amada” em uma bossa nova dos tempos modernos.
Alaíde Costa lançou em julho de 2024 o segundo disco da trilogia produzida por Emicida, Pupillo (Nação Zumbi) e Marcus Preto, intitulado “E o tempo agora quer voar”. Está em turnê por todo o Brasil com quatro shows: “E o tempo agora quer voar”, com o repertório do último disco, “Alaíde canta Domingo de Gal Costa e Caetano Veloso”, “A Dama da Canção” e “Pérolas Negras”, no qual se apresenta ao lado das amigas Eliana Pittman e Zezé Motta.
Em 2025 lançou um álbum em homenagem à intérprete Dalva de Oliveira pela gravadora Deck com produção de Thiago Marques Luiz, empresário e produtor que acompanha Alaíde desde 2004, e participações especiais de nomes como Maria Bethânia, Roberto Menescal e Edson Cordeiro.
Discografia de Alaíde Costa:
1959 – Gosto de Você – RCA Victor
1960 – Canta Suavemente – RCA Victor
1961 – Joia Moderna – RCA Victor
1963 – Afinal – Audiofidelity
1965 – Alaíde Costa – Som Maior
1973 – Alaíde Costa & Oscar Castro Neves – Odeon
1975 – Alaíde Costa – Odeon
1976 – Coração – Odeon
1982 – Águas Vivas – Alaíde Canta Hermínio Bello de Carvalho – Vento de Raio
1987 – Falando de Amor – Auvidis
1988 – Amiga de Verdade – Pan Produções
1995 – Alaíde Costa e João Carlos Assis Brasil – Movieplay
2001 – Rasguei minha Fantasia – Jam Music
2005 – Tudo que o Tempo me Deixou – Lua Music
2006 – Voz & Piano – Alaíde Costa & João Carlos Assis Brasil – Lua Music
2008 – Amor Amigo – Alaíde Costa canta Milton – Lua Music
2011 – Alaíde Canta Johnny Alf: Em Tom de Canção – Lua Music
2011 – Alaíde Costa & Fátima Guedes Ao Vivo – Joia Moderna
2014 – Canções de Alaíde – Nova Estação
2015 – Alegria é guardada em cofres, catedrais – Alaíde Costa & Toninho Horta – Independente
2015 – Porcelana – Alaíde Costa e Gonzaga Leal – Independente
2018 – 60 anos de bossa nova – Alaíde Costa & Claudette Soares – Kuarup
2020 – O Anel – Alaíde Costa canta José Miguel Wisnik – Selo Sesc
2021 – Canções de amores paulistas – Alaíde Costa & Eduardo Santhana – MCK Discos
2022 – O que meus calos dizem sobre mim – Samba Rock Discos
2022 – Harmonias que soam e ressoam – Independente
2024 – Pérolas Negras com Eliana Pittman e Zezé Motta – Companhia de Discos do Brasil
2024 – E o tempo agora quer voar – Samba Rock Discos
2025 – Uma Estrela para Dalva – Deck
DVD:
2018 – A dama da canção: Alaíde Costa – Nova Estação
Serviço:
Alaíde Costa e Gilson Peranzzetta — 20 anos de “Tudo que o Tempo me Deixou”
📅 23 e 24 de maio de 2025 (quinta e sexta)
🕙 22h
📍 Casa de Francisca – Palacete Teresa, Rua Quintino Bocaiúva, 22 – Sé – São Paulo – SP
🎟️ Ingressos à venda no site da Casa de Francisca
Duração: 75 minutos
Classificação: Livre