Sala Mário Tavares, anexo do Theatro Municipal do Rio de JaneiroÚnica apresentação – 18 de setembro – às 17h |
A história de amor entre Francisco e Josephina Mignone, preservada em suas cartas, é um capítulo delicado e pouco explorado da vida do compositor. Esses documentos íntimos nos permitem conhecer não apenas o artista, mas o homem por trás da música—um homem que, como muitos, encontrou na paixão e no matrimônio uma fonte de inspiração e equilíbrio. Que essas cartas continuem a ser valorizadas como parte do rico patrimônio afetivo da música brasileira. |
(foto: Ana Clara Miranda) – Georgia Szpilman interpreta as cartas de amor de Francisco e Jô Conhecer uma história de amor desperta sempre a curiosidade alheia. Afinal, o sonho de encontrar a cara metade costuma fazer parte, constantemente, do imaginário das pessoas. E quando esse sentimento brota em meio a música? É o que acontece em ‘Cartas de Amor de Francisco Mignone para sua Jô’, concerto interpretado pela soprano do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Georgia Szpilman, que chega acompanhada da pianista Dília Tosta, e com participação especial do clarinetista Moises Santos, para uma única apresentação, na Sala Mário Tavares, no dia 18 de setembro, às 17h. O resultado é um encontro com muitas histórias que revelam a beleza do amor entre o maestro compositor e a pianista. “A ideia do concerto surgiu pelo convívio com a Jô. Sabia da existência das cartas, mas nunca havia visto. Sabia do desejo da Jô em transformar em um livro. O motivo, não pode ser revelado. Então, transformou as cartas, bilhetes e fotos da vida profissional no livro. Quando vi o livro Cartas de amor de Francisco Mignone para Josephina Mignone, passou a ser meu livro de cabeceira. Muito romântico. Daí foi um passo para pensar no concerto” – revela Georgia Szpilman que tinha uma relação bem próxima com a pianista. Dilia Tosta e Georgia Szpilman em uma das cenas do espetáculo – (foto Ana Clara Miranda) As cartas de amor trocadas entre Francisco e Josephina Mignone são documentos preciosos que revelam a personalidade do compositor. Nelas, Mignone expressa seu amor, suas inseguranças, suas alegrias e até mesmo suas frustrações artísticas. A linguagem utilizada nas cartas é carregada de emoção, demonstrando que, por trás do gênio musical, havia um homem profundamente humano e dedicado à sua esposa. Fragmentos e relatos indicam que Josephina era sua confidente e musa, uma presença constante mesmo durante suas viagens e períodos de intensa produção artística – provando que o artista que se achava pouco inspirado, antiquado e até pessimista, virou a chave assim que conheceu Jô, presenteando a amada com três pequenas valsas de esquina. Foto: livro Cartas de Amor por Maria Josephina Mignone Francisco Mignone (1897–1986) foi um dos mais importantes compositores brasileiros do século XX, conhecido por suas obras sinfônicas, peças para piano e composições que incorporam elementos do folclore nacional. No entanto, além de sua produção musical, um aspecto menos conhecido de sua vida é a sua relação amorosa com Josephina Mignone, sua esposa, revelada através de cartas pessoais que mostram um lado sensível e apaixonado do artista. Maria Josephina (piano) e Francisco Mignone (maestro) – Foto: livro Cartas de Amor por Maria Josephina Mignone As cartas de amor de Francisco Mignone para Josephina são um testemunho de que, por trás de grandes artistas, muitas vezes há histórias de afeto e parceria que sustentam sua trajetória. No caso de Mignone, essas correspondências revelam um homem que, apesar de sua genialidade musical, valorizava profundamente os laços familiares e o amor conjugal. Embora a música de Mignone já o tenha consagrado na história da cultura brasileira, suas cartas para Josephina acrescentam uma camada de humanidade ao seu legado, lembrando-nos de que até os maiores artistas são, antes de tudo, seres humanos capazes de amar intensamente. Francisco Mignone e Maria Josephina – Foto: livro Cartas de Amor por Maria Josephina Mignone |
(foto: Ana Clara Miranda) – Georgia Szpilman no Theatro Municipal do Rio de Janeiro Sobre Georgia Szpilman O soprano Georgia Szpilman possui vasta experiência camerística e dedica-se principalmente ao canto lírico, tendo estudado com o Prof. Richard Reiß, na Freiburg Musikhochschule (Alemanha), e com a professora russa Elena Konstantinovna. Sendo corista do Theatro Municipal há 22 anos, tem atuado como solista em grandes produções, principalmente no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, tais como: As Bodas de Fígaro (Condessa), Turandot (Liú), Il Triptico, Electra, Fosca (papel título), O Condor (Odaléia), Viúva Alegre (Valentina), Cavaleria Rusticana (Lola), Norma (Clotilde), Carmen (Mercedes), La Traviata (Flora), entre outras. Realizou concerto em homenagem a Carlos Gomes, com a Orquetra Sinfônica de Aracaju, sob a regência do maestro Ian Bressan. Atuou como solista com a Orquestra Petrobrás Sinfônica, sob a regência do maestro norte-americano Jack Wall. Participou, como solista convidada, do centenário de nascimento de Carlos Drummond de Andrade, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com a obra Poema de Itabira, musicada por Villa-Lobos, sob a regência do maestro Sílvio Barbato. Na área de música contemporânea, tem trabalhado com a compositora Jocy de Oliveira, com a qual participou do Primeiro Festival Internacional de Mulheres Compositoras e do espetáculos da série Palavras Brasileiras – Momentos da História do Brasil em Música.Em Israel, participou do Festival de Verão de Jerusalém, cantando árias e canções de Carlos Gomes. Na Alemanha, apresentou-se com árias de Wagner, Lieds e canções de Villa-Lobos. O amor de um grande maestro e compositor por uma linda e extraordinária pianista. Esta é a história de Cartas de Amor de Francisco Mignone para sua Jô, espetáculo interpretado pela soprano Georgia Szpilman acompanhada da pianista. Georgia e Dília Tosta em meio as cartas do espetáculo – (foto Ana Clara Miranda) Francisco Mignone – Acervo CEDOC/ FTMRJ Sobre Francisco MignoneO precioso legado do artista engloba mais de mil composições entre óperas, bailados, músicas instrumentais e até trilhas para filmes. Foi também professor do Conservatório Dramático de São Paulo e do Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da UFRJ. Natural de São Paulo, filho de imigrantes italianos, Mignone estudou música desde a infância, graças às lições de seu pai, o flautista Alferio Mignone. Completou os estudos no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde se formou em flauta, piano e composição, seguindo, posteriormente, para estudar Composição em Milão, no Conservatório Giuseppe Verdi. Na Itália, compôs sua primeira ópera, O Contratador de Diamantes, em 3 atos, com libreto de Girolamo Bottonio, que estreou em 20 de setembro de 1924, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com o elenco da Companhia Lírica Italiana e a coreografia de Maria Olenewa no quadro Congada, parte em que os escravos dançavam no adro da Igreja do Arraial do Tejuco. A execução do bailado ficou por conta das passistas que Donga, a pedido de Tia Ciata, recrutou para o espetáculo. Anos depois, em 1956, Congada ganhou coreografia de Mercedes Baptista, a primeira bailarina clássica negra do Brasil e da companhia por ela criada, o Ballet Folclórico Mercedes Baptista. A vasta e rica obra de Mignone, o fez reconhecido por dois ícones da música do século XX: Richard Strauss e Arturo Toscanini. Strauss, em sua segunda temporada no Municipal, em 1923, regeu duas composições de Mignone – Dança e Minueto -, à frente da Filarmônica de Viena e Toscanini, em 1940, regendo a NBA (National Broadcasting Company), executou Congada no palco do Theatro Municipal. As composições de Mignone refletem os ritmos da diversidade brasileira, como em Maracatu de Chico-Rei (bailado considerado a sua obra-prima), O Espantalho, Leilão, Quadros Amazônicos, Hino à Beleza, Iara,Quincas Berro D ´Água e das histórias musicadas do cotidiano do país, como é o caso das óperas O Contratador de Diamantes, O Chalaça e O Sargento de Milícias. Trabalhador incansável, Mignone compôs mesmo depois de doente, deixando algumas composições inacabadas. Ainda em vida, recebeu vários prêmios, como o Shell, em 1982, pelo conjunto da obra. No palco do Municipal, estreou várias obras, ao longo de quase 60 anos. Ele atuou ativamente como membro da Comissão Artística do Theatro Municipal por dois mandatos, contribuindo para o alto nível dos espetáculos da casa entre 1948 e 1958. Maria Josephina Mignone e Georgia Szpilman – Acervo pessoal Sobre Maria Josephina Mignone Nasceu em Belém, Pará, no ano de 1923. Formou-se no Instituto Carlos Gomes, de Belém e no Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro, na classe de harmonia de Lorenzo Fernandez. Aperfeiçoou-se em piano com Arnaldo Estrêla, Magda Tagliaferro e Liddy Chiafarelli Mignone. Além de solista, tem se apresentado em duos de pianos com seu marido, Francisco Mignone, de cuja obra é uma de seus principais intérpretes e divulgadores. Ficha Técnica: Georgia Szpilman- voz e pesquisa Dilia Tosta – Piano Direção – Ruben Gabira Luz e cenário – Katia Barreto Sonorização – Bernardo Quadros. Serviço: Cartas de Amor de Francisco Mignone para sua Jô Com Georgia Szpilman e Dília Tosta Participação especial: Moises Santos (Clarinete)Data: 18/9 – quinta-feiraHorário: 17hLocal Sala Mário Tavares – anexo Theatro Municipal do Rio de Janeiro Rua Almirante Barroso, 14/16 – Centro Classificação: Livre Ingressos: R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia-entrada), na bilheteria do Theatro ou através do site www.theatromunicipal.rj.gov.br |